segunda-feira, 16 de abril de 2012

O que a mídia faz com o Fisiculturismo!


Se preconceito fosse uma qualidade, o ser humano seria o ser mais perfeito de todos. A arte de rotular as pessoas, apenas pelo que aparentam ser, é um hobby antigo dentro da sociedade. Tão antigo quanto o fisiculturismo.
Quando nos deparamos com uma mulher ou um homem muito forte, fugindo então do que podemos dizer que a sociedade chama de “padrão” ou que considera “normal”, a primeira reação notável é a expressão de nojo, repreensão e muitas vezes de sarro. Muitos julgam e condenam o fisiculturismo e os seus atletas por serem, para eles, diferentes ou anomalias. E logo em seguida detonam com seus comentários: “Isso tudo é anabolizante!”, “Malham o corpo e esquecem de malhar o cérebro!”, “Eles só sabem ficar horas e horas na academia”.
Algo que não deveria ser motivo de espanto para sociedade, já que o fisiculturismo e a cultura de levantar pesos, ou se preferir o retorno a um dos ideais gregos, em desenvolver os músculos como celebração de estética do corpo humano, é um dos esportes mais antigos do mundo todo. Ou seja, não é algo novo para que a sociedade precise se adaptar.
Isso acontece mesmo hoje, no que chamamos de “mundo moderno”, mas não apenas moderno no sentido de grandes avanços tecnológicos ou no que diz respeito ao surgimento de novos aparelhos eletrônicos ou nanotecnologias. Moderno no sentido de que a sociedade aprendeu a aceitar algumas regras que foram quebradas, a deixar alguns preconceitos de lado.
Atletas fisiculturistas lidam todos os dias com diferentes formas de preconceitos, nas ruas, em casa, e até mesmo dentro das Federações Esportivas , já que não consideram o Fisiculturismo como um esporte. Ou seja, temos um esporte que não é esporte, e nunca vai ser considerado um esporte Olímpico. Pois alegam que não existe confronto, e nem competitividade dentro do mesmo. Afirmam que não existe performance nos campeonatos de Fisiculturismo a não ser nos momentos das poses e das coreografias para os juízes. Mas como não considerar o culturismo um esporte de alta performance física  sendo que depois de meses e meses de preparo, o que vai diferenciar um atleta de outro não é a ação no ato da competição, mas sim o resultado de sua performance durante os treinos e durante a sua apresentação?
Um fator que ajuda e favorece o crescimento do preconceito contra esse esporte é o modo como as mídias, principalmente a televisão, retratam e expõem seus pontos de vista de forma sensacionalista. Sempre que uma matéria vai ao ar, os atletas que praticam o Fisiculturismo ficam conhecidos como “loucos”. Isso porque sempre nas matérias, os suplementos alimentares ingeridos por atletas e pessoas que vivem no mundo da musculação são confundidos com anabolizantes, as dietas que os fisiculturistas fazem são apontadas como “extremas”, e mostram no decorrer dessas matérias, pessoas que têm pouco conhecimento e não sabem nada sobre o esporte e usam anabolizantes, assim ficando deformados com os braços redondos e inchados, e pra piorar ainda mais a situação, dizem ser atletas. Dessa forma, não há como esse esporte não ficar “queimado” dentro da sociedade. Ao invés da mídia mostrar a realidade, recorrer a pessoas que realmente são atletas e que estudam e sabem como fazer uma dieta correta, mostrar o que são os suplementos alimentares, preferem generalizar e acabar com a imagem do esporte.
E com relação ao uso de suplementos, o que não sabem é que o uso correto ajuda na otimização de resultados dentro da academia e nos esportes em geral, e muito menos sabem que o uso de suplementos alimentares vem sendo usados não apenas por atletas mas sim por pessoas comuns que não praticam nenhum tipo de atividade física, ou por terem algum problema de saúde ou por precisarem de vitaminas ou outros micronutrientes. Um exemplo simples é o famoso ômega-3, para quem não sabe é um suplemento alimentar, igual aos que os atletas fisiculturistas consomem e que muitas vezes os julgamos por consumirem .
A mídia ajuda a  sociedade criar conclusões sem saber afundo realmente do que se trata. Suplementos alimentares nada mais são que alimentos com um alto índice de concentração de um determinado nutriente (macro ou micronutrientes). Se pegarmos um pote de um suplemento com alto índice de calorias, os famosos substituidores de refeição - e na linguagem do mundo na musculação, a então chamada “MASSA” -  e colocarmos do lado de um alimento que muitas crianças consomem, o “Sustagen”, e compararmos a tabela nutricional e os ingredientes que compõem ambos os produtos, será notado que a composição e os ingredientes são semelhantes, e a função de cada um é basicamente a mesma. Mas aí entra a questão, se é vendido como um alimento, se promete  fazer bem e que os nossos filhos vão crescer fortes e saudáveis e cheios de vitaminas, já é o suficiente pra que todos consumam. Agora se você colocar o mesmo produto em um pote com um garoto propaganda musculoso, já vai ser considerado “bomba”, e vai fazer mal a saúde.
Mesmo diante do preconceito, da falta de estrutura, apoio e incentivo, o Fisiculturismo aqui no Brasil está crescendo cada vez mais. A procura por essa forma de corpo está aumentando. É só percorrer as academias e ver que a busca pelo corpo perfeito entre homens e mulheres está muito frequente, não querem apenas buscar curvas bonitas, ou ficarem com corpos sarados, a sua maioria procura músculos e definição muscular, e a sociedade precisa aprender a aceitar e rever os seus preconceitos sobre esse esporte e sobre o uso de suplementos alimentares.
Um fator que ajudaria muito o crescimento e o entendimento desse esporte aqui no país, seria se a mídia mostrasse o lado positivo e a realidade do Fisiculturismo. Se deixasse de fantasiar e manipular a imagem do esporte, já seria uma grande ajuda para que a sociedade começasse a compreender e deixar de criar preconceitos. E isso é possível, já que em 1973, um documentário chamado “Pumping Iron”, que traduzido recebeu o nome de “ O homem dos músculos de Aço”, mostrou a realidade do esporte e como funciona. Se antes com pouco conhecimento e estudo sobre tudo que envolve esse esporte foi realizado esse documentário, hoje seria possível realizar um melhor ainda e que ajudaria muito no apoio e no crescimento do esporte. Mas enquanto houver sensacionalismo e manipulação, nada irá mudar.

Gustavo Almeida (atleta fisiculturista)